quinta-feira, 21 de junho de 2012

O toquinho do elefante.




Um dos animais que mais gera fascínio nas pessoas são os elefantes por seu porte e força física. Mais impressionadas as pessoas ficam, pelo fato de como é possível “enquadrar” esses gigantes, que só em alimentação consomem por dia o peso de um homem adulto em folhagens.

Há milênios os habitantes do sul da Ásia e da África Central utilizam um método de domesticação com esses colossais quadrúpedes que poderíamos apelidar de “técnica do toquinho”. Ainda filhote, o elefante é amarrado a um pequeno resto de um tronco de árvore que fica ligado à terra, depois de cortada. O elefantinho ainda não tem força para vencer a resistência do toco  e, assim não consegue se mexer por mais do que poucos metros. Naquele local ele é alimentado e adestrado, crescendo acostumado ao empecilho. Quando adulto, mesmo tendo força para arrancar uma árvore inteira pela raiz, ele se acredita, por “condicionamento”, incapazes de se soltar do “toquinho”.

É interessante quando ponderamos a respeito das pessoas , visto que cada um de nós a partir de certas condições e circunstâncias desenvolve  estilos de pensamento e de comportamento. Os indivíduos pensam e atuam sempre em consonância a perspectiva que construem do mundo.   Uma pessoa pode ter construído uma forma de enxergar os fatos de maneira pouco hábil. Daí ela não exercerá suas funções positivamente a si mesmas. É como se estivessem amarrada a toquinhos.

Quando uma pessoa procura ajuda profissional de Psicologia traz queixas que podem ser das mais variadas ordens: saudosismo além da conta, insistentes e infundadas idéias pessimistas, perda do apetite, dores corporais que não passam com o uso de remédios prescritos por médicos, sudorese excessiva em situações específicas e muitas outras.  Muitas vezes sobre essas situações ela  não ela consegue entender a causa imediata e nem por meio dos processos clínicos técnicos. São desconfortos ligadas ao que a pessoa sente sobre si mesma e sobre o seu mundo circundante.

O profissional psicólogo a atenderá buscando criar uma interação entre seus os pontos de vista e sua própria forma de ver o mundo. Entra ai também na mediação desse trabalho  uma base teórica que pesquisa e explica muito do ser humano naquilo que lhe é mais caro: a forma de pensar e agir. A essa fundamentação teórica dá-se o nome de abordagem.

O suporte psicológico toma em consideração a versão que um cliente faz do seu universo e de si próprio. Uma das formas desse tipo de processo estará focada na compreensão daquela vida, dos seus entraves do momento buscando construir novas formas de trato daqueles desconfortos. Faz parte uma alteração de percepções, estados emocionais e de comportamento.

Não é mudar a essência da pessoa, mas sim vivificá-la.

A tempo, o pensador Mokiti Okada pontua em seus textos que os homens são mais eficazes quando aprende a prestar atenção aos exemplos que a Natureza nos dá.

Os elefantes atracados a toquinhos não mudam sua “perspectiva” em relação a sua vida uma vez que não dispoem da possibilidade de articularem suas emoções e suas ações.

Bem diferente dos elefantes ou mesmo do que diz a bela “Modinha para Gabriela” (Quando eu vim para esse mundo... Eu não atinava em nada... Eu nasci assim, eu cresci assim... E sou mesmo assim, vou ser sempre assim) as pessoas podem mudar sua maneira de sentir e agir sobre si e sobre o mundo. E neste sentido um suporte psicoterapêutico é sempre muito valioso.