quarta-feira, 30 de maio de 2012

Fumantes sofrem preconceito e estigma?


Desde que o cigarro perdeu o poder de conferir charme, uma discussão inflamada sobre os reflexos à imagem dos fumantes vem se dando nos círculos publicitários, psicológicos e jurídicos.

Neste embate posicionam-se contrários os interessados em que nunca cessem de surgir novos fumantes - as empresas da cadeia do tabaco e que os indicam os malefícios que o fumo traz às pessoas. 

E em 15 de dezembro de 2011, aqui no Brasil,  a coisa toma maior vulto com a entrada em vigor da Lei Federal 12.546 que coloca: “É proibido o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo fechado, privado ou público.”

A industria do fumo experimenta re-inventar a todo o momento seus caminhos para que sua atividade principal não sucumba. Procura novos mercados consumidores nos países menos desenvolvidos e até, pasmem, tenta vincular a predileção infantil as guloseimas aos seus produtos derivados do fumo:cigarros com gosto de chocolate, menta, aromáticos, etc. 

Essa mesma indústria trabalha uma poderosa,  mas não declarada estratégia de apontar “preconceito e estigma” sobre os adquirentes e usuários de cigarros. O termo conceito é uma derivação do latino conceptus. Significa aquilo que é concebido ou entendido de maneira mais profunda. Algo estabelecido ao nosso mundo mais intimo e de dissolução difícil. Já estigma vem do termo latino stigma, um sinal. 

Os tabaqueiros  tentam emplacar a idéia de que os fumantes hoje não tem a mesma liberdade de ir, vir e estar quando são apartados nos mais variados ambientes daqueles que não fumam por opção e/ou auto-preservação. 

Em tempos do “politicamente correto” a simples menção a existência de um preconceito ou de uma estigmatização gera solidariedade em outras pessoas. Os jovens são mestres em abraçar causas até mesmo por infundada transgressão. Só isso já é um alerta as autoridades e agentes da Educação e principalmente as famílias de que isso pode ser usado como mais combustível para o acesso das crianças e dos jovens ao cigarro que no afã de quebrarem "ordens" e independentes se tornam novas presas fáceis.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Uma odisséia corporativa chamada treinamento comportamental.


Em 1927 foi lançado pelo diretor e cineasta austríaco Fritz Lang o clássico  Metrópolis. Cinqüenta anos depois, em 1977, foi lançado pelo americano George Lucas o primeiro longa metragem de nome “Guerra nas Estrelas”. Este filme deu origem a uma série de outras seis edições. Mais recentemente, em 2009, James Cameron lança Avatar , um filme grandioso sobre uma guerra entre habitantes da lua de Saturno (Pandora) e seres humanos extremamente desenvolvidos tecnologicamente. Esses filmes se assemelham por terem situações cheias de aventuras extraordinárias, quase dramáticas.

 As empresas têm atravessado praticamente uma “saga cinematográfica” aos moldes  dos filmes citados quando se analisa a suas estratégias para captar, suprir e reter colaboradores talentosos e adequados. Quando a esses movimentos adiciona-se o peso financeiro que é contratar um funcionário dentro das determinações legais da CLT, o cenário é de uma epopéia. Para ilustrar: no Brasil,  um empregado chega a ter um custo mensal de 80% a mais do valor do seu contrato. Este custo pode variar até 187% a mais conforme ramo de atividade, convenções sindicais ou regime de apuração da empresa contratante. Não por outro motivo que muitas empresas de prestação de serviços, por exemplo, as grandes empresas de pesquisa de mercado, opinião e mídia, optam por contratar especialistas e entrevistados por projeto.

Infelizmente só o talento e a adaptabilidade de um funcionário não são suficientes para essa conexão seja proveitosa.

A esperança é que o comportamento do funcionário em relação à empresa, seus colegas, sua equipe, seus clientes e a concorrência seja “pra lá” de apropriado. E isso pode parecer fácil, entretanto não o é.  Esta é  razão pela qual as empresas têm, através de seus gestores de pessoas, investido pesado nos treinamentos, entre eles as capacitações  comportamentais. Segundo a Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) o investimento no setor de treinamento por pessoa em 2012 deve ter um valor médio de R$4965,00 (levantamento feito juntos aos associados da instituição).

 Esses números são muito interessantes uma vez que o Brasil é tido internacionalmente como um país de pessoas cordiais.  Por tradição cultural, no Brasil se tem um fortíssimo vínculo parental que incentiva a “afetuosidade e a intimidade”. E ai mora um contrassenso.  Os colaboradores brasileiros são apontados por empreendedores e gestores estrangeiros como funcionários que misturam o que é de caráter pessoal com o que é de natureza profissional.

Os treinamentos comportamentais são importante ferramenta de “re-educação” dos colaboradores. Ajudam a aprimorar a circulação da informação pró-ativa entre os funcionários de uma empresa. Capacitam a pessoa através de situações praticas e relacionadas ao ambiente no qual ela trabalha.

O trabalhador, quando bem aproveita um treinamento comportamental consegue melhor se apresentar dentro e fora da empresa. É um processo de ganho geral.

Okada, em trecho de um de seus textos sobre o desenvolvimento humano escrito em 1954, coloca que : “a simpatia é muito mais importante do que imaginamos, pois tem muita relação não só com o destino do indivíduo, mas também com a sociedade. Se alguém se tornasse simpático graças ao relacionamento com uma pessoa simpática e isso fosse se propagando continuamente, é óbvio que a sociedade se tornaria bastante agradável. Por conseguinte, diminuiriam os problemas... Não existe meio melhor  do que esse, pois não requer dinheiro, não é trabalhoso e pode ser posto em prática imediatamente.”

Do filme “Os 300 de Esparta” tira-se  uma súmula de trabalho de equipe: boa escolha de componentes para exercito, compreensão de missão e de objetivos. Ou seja, cada soldado lutava – bem treinando- a sua luta, mas tendo como foco  a valorização e a sobrevivência de cada companheiro.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Apego. Uma pedra que queima a mão mas...


Os sociólogos têm desenvolvido interessantes estudos sobre as mudanças que caracterizariam as pessoas de acordo com a época em que elas nasceram. Esses estudos levam em conta o que é valorizado por cada geração. Por exemplo, as pessoas que nasceram entre os anos 60 e 70 do século XX têm uma forte ligação com a televisão, uma vez que foi nesta época que a mídia televisiva explodiu no mundo. Já as pessoas que nasceram a partir de 1995, foram alcunhadas de geração Z – a geração que nasceu ligada na internet. 

Mas o que podemos pensar como elementos que assemelhem as pessoas que nasceram nestes últimos 50 anos?

O descarte e o consumo de produtos são dois fenômenos crescentes que assinalam esse espaço de meio século. Só no Brasil, segundo o IBGE, a produção de lixo era da ordem de 290 mil toneladas por dia em 2000. E de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio promovida pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo de São Paulo, as vendas reais  cresceram 12,5% no mês de março de 2012 na comparação com março de 2011. Ou seja, jogamos muita coisa fora e também compramos cada vez mais.

Em meio a esse turbilhão de índices estratosféricos de descartes e de consumo um traço atemporal  das pessoas nos chama a atenção: o apego.

Sobre o sentimento de apego têm-se diferentes acepções. Elas vão desde interpretação negativa dada pelas linhas religiosas como aquilo que mais prejudica o ser humano em seu desenvolvimento, até as estratégias das empresas para conseguir a fidelização completa de seus clientes (o sonho dos gestores de cartão de crédito é que os clientes comprem até água mineral através de seus bilhetes plásticos).

Em Psicologia estuda-se o apego como algo necessário no estabelecimento dos laços afetivos e de valorização dos elementos que compõem a identidade de cada pessoa. Quando ele toma contornos patológicos gera conjunturas complexas como síndromes e até tragédias humanas. Casos intrincados em que uma pessoa sofre com uma relação extremada de apego a outra pessoa, animal ou objetivo desafiam os profissionais de Psicologia Clínica e de Medicina.  E ainda não se encontrou uma cura.

Uma anedota antiga conta que um componente de uma tropa de viajantes encontrou uma fervente pepita de outro às margens da cratera de um vulcão. Rápido ele a pegou com as mãos acreditando que ali se encontrava a sua imediata aposentadoria. Suas mãos começaram a queimar. Ele gritava de dor. Os outros viajantes vieram em seu socorro e lhe falavam para que soltasse a pedra. Mas ele não aceitava perde-la. Conclusão: ele perdeu as mãos.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Uma pergunta bem feita, às vezes, vale mais do que a resposta.


Pensem, porém, que todo e qualquer problema, seja ele qual for, tem apenas uma solução, nunca várias soluções. – (As cinco inteligências – M. Okada  - 20 de agosto de 1949)

Não seria ousadia dizer que uma boa pergunta é o farol em muitas situações. Que o digam os agentes da lei que lidam com “quadrantes” da vida social. Outro exemplo simples desse fenômeno são os muitos relacionamentos afetivos e profissionais se desfazem pela falta de um interesse ajustado ao tempo, ao lugar e às condições daquela ligação.  

Isso ocorre também, mais complexamente, nos estudos acadêmicos, mercadológicos,  políticos e  científicos quando não se define corretamente a pergunta que vai  dar aos pesquisadores a possibilidade obter informações que alicercem ações pro-ativas.

Uma pergunta feita de forma assertiva é o pilar central de um trabalho. Como desdobramento dessa máxima, quem consegue fazê-la com profundidade e abrangência  merece todo o louvor.  

A definição de uma boa pergunta não é fácil. Exige sensibilidade, inteligência, conhecimentos prévios, interesse, observação, muitas das vezes uma boa dotação técnica e competência preciosa: a paciência.

Por igual, porque é tão difícil fazer uma boa pergunta, seja ela para vida corriqueira do dia-a-dia ou para equalizar uma intrincada problemática de mercado?

Porque normalmente não sabemos o que queremos ou precisamos para nós mesmos. Através de comportamento inadequado ou falta de bom senso nos boicotando. Há ai uma má definição de objetivos.

Exemplifiquemos com um processo terapêutico.  Uma pessoa que chega a um psicoterapeuta com queixas sobre a sua vida, raramente tem suas questões  “arrumadinhas”,  delimitadas e transparentes. Há uma percepção circunscrita das coisas. O “queixoso” por vezes, não consegue enxergar respostas que possa analisar ou contrapor.  Não tem “hipóteses” sobre o que acontece consigo.  O lugar do profissional neste processo é ajudar ao atendido (seja ele um cliente de psicoterapia ou um solicitante de uma pesquisa de mercado, por exemplo) a focar o ponto vital, o problema. Só então se dá o próximo passo que é entender a causa do problema  que ocorre.

Vale lembrar que para os conhecimentos milenares como a tradição tibetana ou a filosofia budista os problemas sempre tem como lado reverso uma oportunidade.

Alguém já falou que as respostas sempre existiram, mas as perguntas não.

No contexto corporativo todas as vezes que temos uma resposta que incentiva uma atitude inovadora, abre-se porta para o starte de um processo que pode alterar toda a vida daquela empresa.  A essa ação processual da-se o nome de PROJETO. Esse será o assunto de um próximo post.