São 20,2%... Esse foi o percentual de votos conquistados por Marina Silva e Plínio de Arruda Sampaio, respectivamente a terceiro e o quarto colocados na primeira votação para presidência da Republica em 30 de outubro. O país amanheceu no dia seguinte em polvorosa. Viam-se as pessoas discutindo sobre o que teria acontecido para que as tendências apontadas pelos institutos de pesquisa de vitória plena e absoluta da candidata Roussef no 1º turno não se confirmassem.
O governo Lula crente que conseguiria transferir a totalidade dos seus mais de 70% de aprovação popular para a candidata já se preparava para liquidar a fatura eleitoral.
Uma das analises que se pode fazer é sobre a primazia que foi dada às estudos baseados quase que exclusivamente nas metodologias quantitativas. Foi a crença cega de que os dados antecipavam inegavelmente o que aconteceria.
Poucas pesquisas qualitativas provavelmente foram realizadas, o que não possibilitou uma sintonia fina dos articuladores das campanhas eleitorais com um fato: um significativo percentual dos brasileiros quer mais do que esta sendo colocado pelos postulantes ao cargo de mandatário da nação.
Em torno de vinte milhões de eleitores no Brasil não quer que as pessoas mais pobres só tenham reforço na capacidade de consumo. Eles provavelmente querem um programa de transferência de renda aliado a uma estrutura instrucional mais ativa e eficaz na capacitação do povo. Vinte milhões de eleitores querem um brasileiro mais informado e com capacidade de se bem situar neste mundo globalizado.
Entre esses vinte milhões de eleitores muitos são pequenos e médios empresários sedentos de um executivo que tenha coragem de discutir e propor uma reforma tributária que desonere a produção, o comercio e a classe média.
As urnas cantaram para os dois candidatos que agora iniciam novo embate que as discussões mais profundas sobre o Brasil se farão fundamentais. Aquele que as escutar e se colocar disposto a discutir terá mais chances.